top of page

ANÉIS DE DESGASTE SÃO ITENS DE PRATELEIRA?

  • EscolaManutençãodeBombas
  • 12 de nov. de 2019
  • 3 min de leitura

ree

Certa vez, durante a manutenção corretiva de uma bomba centrífuga, um funcionário recém-admitido pelo departamento de compras não entendeu porque os anéis de desgastes não estavam na lista de itens básicos ou comerciais. Segundo ele, os anéis eram itens de prateleira e poderiam ser comprados dos mesmos fornecedores de orings, juntas de papelão hidráulico, rolamentos, etc.


Apesar da surpresa pela categórica afirmação do colega, começamos a analisar a razão para àquele entendimento. Realmente, alguém que não tem tanta experiência e ler a descrição de um componente como "alguma coisa de desgaste" pode ser levado a considerá-lo como um item padronizado disponível em todas as lojas do ramo. Tal situação inusitada nos deu oportunidade de explicar melhor o assunto e deixar claro que anéis de desgaste de bombas centrífugas não são itens de prateleira.


Embora sejam elementos de sacrifício e tenham como função básica a restrição da fuga de líquido da região de alta pressão (saída do impelidor) para a parte de baixa pressão na entrada (olho do impelidor), os anéis de desgaste têm características específicas que dependem, dentre outros fatores, do projeto da bomba, das características do serviço (pressão, rotação, etc.) e do fluido bombeado.

ree

Resumidamente, os principais parâmetros dos anéis de desgaste são:

· Folga: valores admissíveis pelo fabricante;

· Ajuste de montagem na carcaça e/ou no impelidor;

· Tolerâncias geométricas (batimento, excentricidade, runout, etc.);

· Formas de fixação: interferência; parafusos; pontos de solda;

· Material: dureza; resistência mecânica; resistência à corrosão, à erosão e à cavitação;


[Posteriormente, abordaremos a importância de cada desses fatores e como é possível especificá-los]


Por exemplo, a folga tem influência em aspectos importantes do funcionamento das bombas, sendo que os principais estão listados abaixo:

· Eficiência: aumento de folga = redução da eficiência (normalmente, é por isso que as bombas têm seu desempenho degradado com o passar do tempo);

· Amortecimento e rigidez (bombas de múltiplos estágios): aumento de folga = aumento de deflexão e vibração;

· Esforços hidráulicos: aumento de folga = aumento dos esforços e dos níveis de vibração;

· NPSH3: aumento de folga = aumento no NPSH requerido;


Fica evidente que quanto menos folga melhor, no entanto, alguns cuidados são necessários para não provocar roçamento excessivo ou até mesmo o travamento da bomba: aplicação de revestimento duro; folgas pequenas entre guias estacionários; minimizar os desvios geométricos (p.ex., batimento dos anéis rotativos); centralização da caixa de selagem, etc.

Com relação à aquisição, é prudente que estes componentes sejam comprados do fabricante ou fabricados na oficina onde o reparo está sendo feito (assumindo que a mesma é especializada e sabe o que está fazendo). Até dá para comprar em outros lugares, mas se faz necessário elaborar desenho de fabricação, informar as tolerâncias e o material (e se há algum revestimento duro). Resumindo, os anéis até poderiam ser comprados de terceiros (muitos fabricantes aqui no Brasil têm seus subfornecedores, mas estes são desenvolvidos e qualificados para tal), mas é fundamental que as empresas sejam reconhecidamente capacitadas e tenham as informações necessárias.


Outro ponto importante é que nem sempre os anéis de desgaste são os sobressalentes mais baratos, sendo que em alguns casos tais itens representam um percentual elevado do custo total do reparo. Por exemplo, já nos deparamos com situações em que o valor dos anéis de desgaste endurecidos (comprados do fabricante) de bombas centrífugas de múltiplos (desenho esquemático abaixo) estágios representou mais de 40% do custo de manutenção.

ree

 
 
 

Comentários


bottom of page